Descobrindo o autismo
Quando
descobrimos que estamos grávidas, primeiro vem a emoção, saber que
estamos gerando um “serzinho”, que vamos ter que cuidar para
sempre. Depois, as preocupações: será que serei uma boa mãe? Na
primeira ultrassom morfológica, sentimos um alívio, quando medico
descarta a síndrome de Down, ficamos com a falsa sensação que está
tudo bem, meu filho vai ser normal.
Vivi
com essa falsa impressão em relação a Serginho ate o ano passado.
Meu filho nasceu normal, andou com 10 meses, começou a falar com 1
ano e 6 meses, mamou até os 2 anos como recomenda a Organização
Mundial de Saúde. Parecia uma criança tranquila, quando surgiu
alguns problemas na escola. Primeiro as notas começaram a cair,
comecei a tomar lição junto na véspera das provas, ele sabia tudo.
Fiquei tranquila. As notas vão melhorar, só que não melhoravam,
praticamente ele quase não escrevia nada. Falei com a pediatra
dele, e ela recomendou-me uma neuropediatra.
A
neuropediatra pediu que eu o levasse a uma psicóloga e a uma
fonoaudióloga. Dois meses depois de realizados todos os testes veio
o resultado que tirou meu chão. Serginho tem TEA (Transtorno
do Espectro Autista). Os
sinais de autismo nem sempre são tão escancarados, muitas vezes
passam desapercebidos.
Lembro
que quando Serginho era criança, ele não aceitava que eu mudasse os
moveis de lugar, o quarto de brinquedo vivia sempre arrumado, achava
que ele era metódico, porque até em lojas pegava ele ajeitando as
coisas nas prateleiras. Gostava de brincar com os carrinhos
colocando-os em fileiras, um atrás do outro. Não se enturmava muito
com outras crianças, era medroso – tem medo de altura- não
consegui aprender a andar de bicicleta. Por
tantas vezes os sinais do autismo me enganaram?
O
isolamento é uma característica fundamental da criança autista.
Ela prefere sempre estar só, no seu “mundinho”. Nesse
ponto acreditava que pelo fato de morarmos em casa e não ter
crianças na rua, era normal, Serginho não ter facilidade em
relacionar com outras crianças. Também
o fato dele não consegui completar frases, acreditava ser resultado
da superproteção que damos a ele.
Não
vai ser uma tarefa fácil, lhe dar com Serginho agora, esse
acompanhamento muitas vezes é terrivelmente doloroso para quem é
mãe. Não entrei em depressão, pois já faço tratamento, mas me
sentia culpado pela mudança de comportamento dele. Queria mover o
mundo para tratá-lo, mas me sentia sempre de mãos atadas. Com a
ajuda da escola, dos profissionais que estão
acompanhando(neuropediatra, psicóloga, psicopedagoga, fonoaudióloga,
terapeuta ocupacional), e, principalmente, de toda a família,
conseguiremos tornar os dias de Serginho melhores.
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